Tecnologia e Internet

Finance View traça panorama promissor, transformador e dinâmico do Mundo Open

O uso de novas tecnologias e soluções na jornada financeira já é uma realidade que proporciona novos negócios e muda a forma como as pessoas consomem, mas ainda há muito por vir em termos de conveniência, praticidade, agilidade, assertividade e colaboração, além de oportunidades revolucionárias de transações e novos produtos. Esse novo mundo foi apresentado durante a Finance View, evento 100% online organizado pelo Idea D, empresa especializada em eventos de conteúdo, que  aconteceu nesta quarta-feira, 29 de setembro, com especialistas das áreas de Finanças e Tecnologia.

Entre os destaques estão o painel “Pagamento – A capacidade de inovação e aceleração das iniciativas digitais para pagamentos fluídos e sem fricção”, os painelistas abordaram de que forma o Open Banking deve agregar ainda mais aos meios de pagamento e de que forma isso será feito. Elaine Shimoda, Head de Inovação em Pagamento do Mercado Pago, destacou que 40% das compras transacionadas via companhia já são pagas com sistema de cartão de aproximação, assim como o uso de pagamento por aplicativo de celular já está em franco crescimento. “A nova fronteira do Open Banking muda a forma como os pagamentos vão acontecer e farão uma revolução no mercado, mudando a experiência do cliente”, disse.

De acordo com Thiago Saldanha, CTO da Sinqia, o Open Banking começou por uma iniciativa regulatória e de padronização, mas será uma grande oportunidade para todos os bancos terem novos clientes, novos serviços personalizados, abrindo muitas possibilidades. “O novo ambiente do Open Banking retira a fricção das formas de pagamento. É como uma rodovia que será aberta para a criação de novos produtos, transações e aplicativos que serão cada vez mais frequentes no dia a dia”, afirmou. No segmento de cartões, as novas formas de pagamentos podem ser concorrentes, mas ao mesmo tempo trazem agilidade e inovação. “É uma concorrência saudável para o ecossistema e o trabalho é feito em conjunto: sobre quaisquer ameaças sofridas pelos novos modelos podemos atuar como parceiros porque temos know how de uma indústria tradicional para aportar valor nas transações. Temos ferramentas, processos e metodologias que podem servir de apoio aos nossos parceiros”, destacou Edson Ortega, vice-presidente de Risco da Visa do Brasil.

Com devices na palma da mão para resolver praticamente todas as questões da vida, os consumidores também querem praticidade e segurança para as compras e o tema foi analisado no Painel “Embedded Finance – Varejo e a oferta de serviços financeiros personalizados que fidelizam clientes e promovem inclusão digital”. “Os fundos de investimento com marca própria podem trazer mais inclusão financeira, lembrando que os dois lados, tanto o credor quanto o consumidor, são importantes na equação para gerar valor agregado e estreitar serviços, explicou Ricardo Kalichsztein, fundador e CEO da empresa Bom Pra Crédito.

Nesse contexto, a mudança de mindset traz uma revolução dentro e fora dos marketplaces. “Temos que ter habilidades para lidar com crediário, cartões e outros meios de pagamento para trazer empoderamento ao cliente quando ele começar a usar seus dados no Open Banking. O grande desafio é acompanhar a jornada e oferecer soluções. Aí entra a arquitetura tecnológica e sistemas legados para viabilizar esse novo momento. O embedded finance para instituições financeiras e para o varejo traz benefícios e engajamento das bases porque agora tudo que foi verticalizado no passado precisará ser reorganizado para estar em mais lugares ao mesmo tempo e mais próximos o cliente”, destacou Carlos Leoni, diretor de Cartões, Inovação e Meios de Pagamento da Via. Na opinião de Marcelo Oliveira, diretor executivo do Agi, serão firmadas bases sólidas pelo regulador desse novo mundo Open com movimentos na área de investimentos e com a chegada o Open Insurance. “Haverá mais inclusão, expansão de novos mercados, e o acesso a essa tecnologia facilita e reduz atritos com uma quebra de assimetria, modelando o crédito de forma mais inteligente e melhorando a capacidade de fornecê-lo”, analisou.

Por meio de um case com um produto de cartão de crédito, Breno Costa, diretor de Produtos e Sucesso do Cliente na Neurotech, mostrou como a explosão de dados pode trazer mais assertividade para os negócios. Na apresentação “Data & Analytics- Explosão de Dados: otimizando resultados através de múltiplas fontes”, ele apresentou o funcionamento do HubScore, um algoritmo de arquitetura complexa baseado em modelos especialistas e deep learning que, no case apresentado, foi capaz de calcular o melhor dos cenários para uma carteira específica. Foram 13% de ganho na performance do modelo de Credit Score, redução de inadimplência, redução de custos e queda da inadimplência. O ROI aumentou quatro vezes sem gastos adicionais só aplicando a metodologia do HubScore”, detalhou Costa. “Nosso negócio é conectar dados com Inteligência Artificial para prever o futuro com essas informações, nos propondo a ser o sistema digestivo desse mundo complexo de dados”, afirmou.

No painel “Open Innovation – Como construir e inovar de forma coletiva e colaborativa no mercado financeiro”, Claudia Ferris, investidora e mentora na BBX, comentou como empresas mais tradicionais podem se atualizar por meio de parcerias com startups e que precisam estar abertas às mudanças que não param. “Se antes as empresas tinham a postura de desacreditar que novos entrantes pudessem trazer algum tipo de ameaça aos seus negócios, hoje elas sabem que o mundo atual apresenta muitas opções diferentes de negócios e relações e elas precisam estar preparadas. A questão cultural é a etapa mais complicada e é necessário renunciar algumas coisas para se adaptar ao novo ecossistema”, detalhou ela.

José Martinez Calasans, líder da Vertical Fintech no Cubo do Itaú, explicou que a inovação aberta foi bastante pivotada durante a pandemia por toda a necessidade do cenário que se apresentou. “Temos visto grandes empresas com humildade para conhecer esse novo mundo com pessoas resolvendo problemas em vários lugares e percebendo que cada vez mais as startups podem trabalhar muito bem com grandes empresas”, salientou. Na visão de Juliana Innecco, Head do Torq e Lead do Torq Ventures, o momento é de grande aprendizado para todos os envolvidos. “As estratégias estão sendo amadurecidas dentro da evolução aberta. Olhamos o mercado de startups com olhar de complementação e a aceleração que elas trazem ao sistema”, disse.

Mundo Open

Classificado como uma nova era para todo o mercado financeiro, o Open Banking foi o tema do Painel “Open Banking – Abrindo as fronteiras dos serviços financeiros para novas experiências e melhores ofertas”. De acordo com Karen Machado, executiva líder no Projeto Open Banking no Banco do Brasil, além de atender a agenda regulatória, esse novo sistema que está em fase de implementação e permite o compartilhamento de dados dos clientes, trazendo novas ofertas de serviços financeiros por meio de canais digitais próprios e de terceiro para captar clientes, criar experiências e desenvolver novos negócios, traz grandes desafios. “Para que opere de forma esperada, é necessária a integração e interoperabilidade em um cronograma desafiador que teve adiamentos. Todos os bancos precisam trabalhar juntos porque o sistema precisa da integração para que se cumpra a missão de melhorar as relações, experiências e oportunidades”, salientou.

De acordo com Flavio Gaspar, Head de Produtos da Topaz, além de toda a construção em andamento para implantação do sistema, é necessário educar a sociedade que vai usar essas tecnologias. “Sabemos de toda a desigualdade do País com muitos desbancarizados e muita gente com pouca habilidade e acesso no uso das tecnologias. Quando tudo for unificado, uma vez que os dados são apresentados com formatos e layouts diferentes pelas instituições, tanto as pessoas quanto os bancos precisarão passar por um período de adaptação e de jornada para conseguir extrair o valor de todas essas informações. A partir daí começarão a surgir as ofertas coerentes com a realidade de cada cliente”, salientou.

Hoje o consumidor pode não querer compartilhar seus dados por desconfiança e preocupação e será preciso educá-lo a lidar com Open Banking. É o que explica Rogério Melfi, especialista em Novas Plataformas na TecBan. “Ele vai de fato entrar na jornada quando precisar de crédito ou outro produto e entender que compartilhando terá produtos adequados ou vantagens exclusivas”, exemplificou. Para Melfi, é fundamental o tratamento desses dados para obter resultados. “Muitas campanhas de bancos trabalham dados internos para criar ofertas adequadas e isso vai se ampliar exponencialmente. Veremos muitas coisas acontecer, não será uma entrega imediata, mas após um período de entendimento e adaptação veremos muita coisa boa”, acredita ele.

Segundo Pedro Begotti, Head de Novos Negócios ABC Brasil, as regras praticamente estão sendo escritas e experimentadas na prática, conforme as estruturas estão sendo desenvolvidas. “De tempos em tempos, após a implantação, será necessário voltar e implementar tudo que for necessário para ficar mais aderente ao consumidor. Nada será mais desafiador que o cliente entender e assumir a posição de protagonista, abrindo seus dados para ter vantagens e melhores experiências em troca”, destacou.

No painel que veio na sequência, “Open Insurance – Como o compartilhamento de dados pode beneficiar o mercado de seguros e alcançar mais consumidores”, especialistas da área de seguros traçaram algumas perspectivas que a cultura open deve trazer a esse tradicional mercado. Segundo Domingos Monteiro, fundador e presidente da Neurotech, essa mudança que logo mais aportará no mercado com as regras da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mexe com a indústria como um todo. “Haverá uma nova onda de empreendimentos e negócios sendo criados e esse era o objetivo da Susep: aumentar a concorrência e dar mais opções de escolha ao consumidor. Os grandes players vão se proteger e os novos vão se posicionar nesse mercado”, destacou ele.

“Fizemos pesquisas em parceria com a Ipsos sobre a experiência do consumidor que apontaram que ele tem boa receptividade de ofertas baseadas no seu histórico e quanto ganha com produtos aderentes do ponto de vista de cobertura, necessidade de uso e valor. Quanto mais produtos inclusivos, maior diversificação para o ecossistema e evolução dos processos, trazendo desburocratização e acesso a mais produtos de seguros”, explicou Fernando Tassin, gerente de Meios de Pagamento e Tendências na TecBan.

De acordo com Eduardo Guedes, vice-presidente de Tecnologia e Operações na Seguros SURA, as empresas terão que aprender a gerenciar seus negócios com essa nova gama de dados. “Com muito mais disponibilização de informação, haverá mais ofertas de serviços e negócios, mas será necessário reconstruir suas bases, pensar nas soluções para as dificuldades e em novas interfaces. Todos terão que se adaptar para usar os dados de forma unificada e transparente”, ressaltou. Na visão de Rodrigo Ventura, da 88i Seguros, as oportunidades de novos negócios já estão acontecendo e o Brasil tem oportunidade de fazer a leitura de experiências open já realizadas em outros países e se adaptar a esse ambiente regulado. “Através da tecnologia será promovida a competição e a chegada de novos produtos e novos serviços para maior inclusão”, destacou.

Na última palestra, o público teve acesso ao conceito que agora é possível monetizar com a produção de seus dados. Segundo André Vellozo fundador da DrumWave, que apresentou a palestra “Data Monetization – Os dados serão a próxima fonte de renda da transformação digital?”, hoje as pessoas acabam pagando para o processamento de dados no planeta, mas no futuro será possível às pessoas ter a custódia dos seus dados e atribuir valores a eles. “A personal data value journey deve acontecer num prazo de 5 a 10 anos e veremos uma das maiores revoluções do mundo, com apoio da convergência 5G, criptografia e uso das nuvens híbridas em escala global. Cada vez mais o consumidor poderá ter a custódia dos dados e, podendo transportá-los, dar score de valor para criar métricas. Será possível garantir governança e negócios entre carteiras de dados”, ressaltou ele sobre o futuro da monetização de dados.

Regina Crespo, curadora do evento e Diretora da Idea D, ressalta que o evento foi um grande sucesso com discussões sobre a realidade e tendências do mercado financeiro. “Todos os painéis e palestras trouxeram diferentes pontos de vista para um momento de profundas transformações. O Finance View permitiu uma observação abrangente sobre os diversos aspectos destas mudanças e as oportunidades que elas criam. Já estamos pensando na edição de 2022 e nos desdobramentos das inovações nesse mercado tão pujante”, conclui.

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