Cotidiano

Atualidades que podem aparecer no Enem 2022: a questão energética

Para além das matérias cobradas sobre as disciplinas que fazem parte do currículo do Ensino Médio, é importante saber relacionar o conteúdo ao cotidiano e como pode ser aplicado em situações reais.

No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), as atualidades aparecem em todas as áreas, e não apenas nas provas de Ciências Humanas e suas Tecnologias. Entender a contextualização e acompanhar aquilo que é notícia pode ser crucial para responder a uma questão de Biologia ou de Geografia, por exemplo.

Um tema como a questão energética na Europa, muito discutido devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, pode incluir desde Geopolítica a elementos de Química e Física. O portal VestibulandoWeb reuniu especialistas para dar dicas sobre conteúdos importantes a serem estudados.

Rússia x Ucrânia e a Europa

Por ser dependente do gás natural russo, a Europa passou a enfrentar dificuldades quando a Rússia começou a ameaçar interromper o fornecimento de energia para aqueles países que estivessem ajudando a Ucrânia. Esse é um dos grandes motivos para que a União Europeia hesite em impor sanções à Rússia.

O país tem, nas exportações de combustível, seu principal ativo econômico, tendo contribuído para que a Rússia retomasse seu poder de influência após o fim da União Soviética, em 1991. Aproximadamente 40% de todo o gás usado para aquecimento de escritórios e residências, geração de eletricidade em termelétricas e funcionamento de fábricas na Europa vem justamente do território russo.

Em Geografia, é importante saber que o Mar Cáspio é considerado uma das maiores reservas do mundo de gás natural e os gasodutos partem dele para os países europeus.

As tensões entre Rússia e Ucrânia datam de 2014, com a disputa pelo território da Crimeia, localizado em uma posição estratégica no Mar Negro, que dá acesso à Turquia.

Além disso, quando há instabilidade política e conflitos armados, os preços dos combustíveis fósseis tendem a subir, como ocorreu com o gás natural e o petróleo. O efeito disso é que os custos dos transportes e da maior parte dos processos produtivos também se elevam, levando à inflação generalizada.

Por um lado, a situação deve levar à aceleração da transição energética, contudo, o processo é relativamente lento e países como a Alemanha têm, no gás natural, um caminho intermediário, enquanto planeja fechar suas termelétricas a carvão. Desde 2011, a Alemanha encerrou as atividades de suas usinas nucleares, após o desastre de Fukushima, no Japão.

Combustíveis fósseis, poluição e mudança climática

Situações como a da Rússia demonstram que ainda há grande dependência dos combustíveis fósseis no mundo. A queima de combustíveis fósseis tem impactos significativos tanto no meio ambiente como na saúde humana, devido à emissão de poluentes na atmosfera. Este assunto já apareceu em questões do Enem.

Em Química, pode haver uma questão sobre os componentes que contribuem para a chuva ácida: monóxido de carbono, dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio.

Na atmosfera, o dióxido de nitrogênio, ao reagir com compostos orgânicos voláteis diante da radiação solar, gera o ozônio troposférico. Se, na camada de ozônio, que fica na estratosfera, o gás impede a função de impedir parte da radiação ultravioleta de passar, por outro lado, na troposfera, o ozônio pode causar problemas cardiovasculares e respiratórios.

A emissão desses gases causa, ainda, problemas respiratórios diversos que vão desde a asma até o câncer de pulmão. Esses gases também são responsáveis pela intensificação do efeito estufa, diretamente ligado ao aquecimento global.

Transição energética

Por tudo isso, países no mundo têm buscado formas de promover uma transição energética, tornando seus processos menos dependentes dos combustíveis fósseis.

O Acordo de Paris, por exemplo, foi firmado em 12 de dezembro de 2015, sendo considerado um dos principais tratados internacionais voltados para frear as mudanças climáticas e o aquecimento global. Ele foi lançado durante a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 21), sediado em Paris, França.

Somente em novembro de 2016 o Acordo entrou de fato em vigor, quando foi ratificado por mais da metade dos países que são grandes emissores de gases poluentes.

O compromisso em reduzir a emissão de gases de efeito estufa foi assumido por 196 países, mas os Estados Unidos saíram do Acordo durante o governo de Donald Trump. Joe Biden, ao ser eleito presidente, retomou o tratado em 2021, em seu primeiro dia de mandato.

Os países que representam a maior parte da emissão de gás carbônico no mundo são aqueles que compõem o G20. Juntos, respondem por 78% das emissões mundiais, sendo China, União Europeia, Estados Unidos e Índia os emissores de 55% desses gases na última década.

O Brasil teve, como principal Contribuição Nacionalmente Determinada, reduzir as emissões de gases de efeito estudo em 37% até 2025 e em 43% até 2030, além de reduzir o desmatamento, intensificar o uso de energia alternativa, entre outras medidas.

Na América Latina, segundo relatório publicado em 2021 pelo Foro Econômico Mundial, os países que mais se destacam no processo de transição energética são Uruguai, Costa Rica, Colômbia, Brasil e Chile.

Os países que mais têm investido na transição são China, Estados Unidos – que são também os dois maiores consumidores de energia fóssil no globo –, Alemanha, Reino Unido, França e Japão.